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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Equino como instrumento terapêutico

É reconhecido o valor do cavalo na vida do homem. Nos primórdios, quando domado, foi um eficaz e veloz meio de transporte. Ainda nos primórdios foi um poderoso instrumento de guerra. Hoje, o hipismo e a equitação são as mais caras e elegantes modalidades esportivas, onde a interação homem-animal se dá de forma apurada e exigida. Nesta interação acontecem alguns processos internos, observados por alguns estudiosos.
Assim, em suas hipóteses Jung falava em sensações sobre a égide da exacerbação da auto estima; Winnicott considerava o cavalo um potente objeto transferencial que facilitaria novas vivências e experiências, todas realizadas em forma de troca.

Em equoterapia, o equino é usado como agente cinesioterapêutico, pedagógico e inserção social, facilitando a nova adequação ambiental, necessária ao desenvolvimento do portador de necessidades especiais. Suas andaduras naturais - passo, trote e galope - são potentes instrumentos cinésios. O passo é o mais utilizado em equoterapia, por ser mais ritmado e dinâmico, adequado aos portadores de limitações físicas que se permitem ver em deslocamentos cujas sensações produzidas são de auto movimentações. A simetria da deambulação equina produz importantes reações do equitador e todas duradouras enquanto persiste o exercício e lembradas de forma psicológica após os mesmos.

Outras andaduras do cavalo, o trote e o galope são movimentos saltados. Isto quer dizer que, entre o lance e outro, seja de trote ou de galope, o cavalo executa um salto. Existe um tempo em suspensão em que ele não toca com seus membros no solo; em consequência, seu esforço é maior, seus movimentos mais rápidos e bruscos e quando ele retorna ao solo. exige do cavaleiro mais força para segurar e um maior desenvolvimento ginástico para poder acompanhar os movimentos do animal. Por isso, estas andaduras só poderão ser usadas em equoterapia com praticantes em estágio mais avançado.
A primeira manifestação, quando o indivíduo está a cavalo, é o ajuste tônico. Na verdade, o cavalo nunca está totalmente parado. A troca de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados, as flexões da coluna, o abaixar e alongar do pescoço impõem ao cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder aos desequilíbrios provocados por esses movimentos. O ajuste tônico torna-se rítmico com o deslocamento do cavalo ao passo. Este ritmo se situa numa frequência que pode variar entre 40 a 78 batidas por minuto, que terá uma utilização terapêutica, conforme a necessidade patológica do praticante, determinando uma mobilização ósteo-articular que facilita um grande número de informações proprioceptivas, que provêm das regiões articulares, musculares, periarticulares e tendinosas, provocando na posição sentada sobre o cavalo, novas informações, bastante diferentes das habituais que são fornecidas à pessoa na posição em pé, sobre os pés. Essas informações proprioceptivas novas, determinadas pelo passo do cavalo, permitem a criação de esquemas motores novos. Trata-se, nesse caso, de uma técnica particularmente interessante da reeducação neuro-muscular.

A adaptação do praticante ao ritmo do passo do cavalo, exige contração e descontração simultâneas   dos músculos agonistas e antagonistas. Por outro lado, o efeito do movimento tridimensional do dorso do cavalo, somando aos multidirecionais determinam uma ação, produzida pelo movimento e o ritmo do seu passo, que tornam o cavalo um instrumento cinesioterapêutico.

Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano. Ao deslocar-se, exige do praticante ajustes tônicos para adaptar seu equilíbrio a cada movimento. Outro aspecto da utilização do cavalo como instrumento terapêutico é sua função de objeto intermediador entre o praticante e o terapeuta: o cavalo atua não apenas como um espelho, onde são projetadas as dificuldades, progressos e vitórias, mas também como um novo estímulo que propicia novas percepções e vivências. Cavalgar neste animal dócil, porém de porte avantajado, leva o praticante a experimentar sentimentos de liberdade, independência e capacidade, sentimentos estes importantes para a aquisição da autoconfiança, realização e auto estima.

Com todas estas informações poderemos dividir as características do cavalo em cinco etapas que são: o movimento tridimensional do dorso do cavalo, que ajuda a fornecer imagens cerebrais sequências e impulsos importantes para se aprender ou re-aprender a andar, o movimento rítmico-balançante, que vai estimular o metabolismo, regular o tônus e melhorar os sistemas cardiovasculares e respiratório, o movimento e a mudança de equilíbrio constante que irá estimular o sistema vestibular e solicitando uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação, imponência e altura do cavalo que desenvolve a coragem, a autoconfiança, a concentração, o sentimento de independência e, por último, a docilidade e o contato com o cavalo, que desenvolve a calma, a capacidade social e a comunicação.

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